Apresentação

As alterações climáticas e os fluxos migratórios são hoje tidos como os grandes desafios, e as grandes ameaças, que impendem sobre a manutenção do statuos quo. Apesar de Portugal ser um país pequeno, de recursos limitados e periférico, portanto relativamente pouco atractivo como país de destino, são já variadas e de relativa dimensão as comunidades estrangeiras aqui residentes, com particular destaque, naturalmente, para as oriundas dos países da CPLP. São da mais diversa natureza os motivos que trouxeram essas pessoas para cá: económicos, sociais, políticos. Mas a imigração portuguesa é sobretudo uma imigração de raiz económica, que chega ao nosso país em busca de melhores condições de vida e que chegam, por isso mesmo, fragilizados e a carecerem de estruturas de acolhimento e apoio.

Portugal precisa desses imigrantes. Precisa deles em termos económicos, demográficos, sociais e culturais. E, ainda assim, há quem os veja mais como um problema do que como uma oportunidade.

Às nossas escolas chegam os filhos desses emigrantes. E essas crianças e jovens, às vezes mesmo já na segunda geração, chegam às nossas escolas portadores de uma língua, uma cultura, no fundo, uma visão do mundo e da vida diversos da língua (pelo menos do linguarejar), da cultura e da visão do mundo e da vida hegemónicos na sociedade portuguesa.

Como o país, também a escola portuguesa precisa desses filhos dos nossos imigrantes. Também como para o país, eles são uma riqueza e uma oportunidade. E também como no país há, nas escolas, quem os veja mais como um problema do que como uma riqueza e uma oportunidade.

O que não há dúvida é que a escola é o tempo, o lugar e o instrumento preferenciais que nós, enquanto país, e enquanto povo, temos para integrar, capacitar e promover esses imigrantes.

Importa, no entanto, conhecer essa realidade e, em função desse conhecimento, discutir o que fazer, porque fazer, como fazer, quando fazer e com que recursos. Há quem considere que esta é uma responsabilidade que pertence aos decisores públicos e que é às políticas públicas de migrações e ao controle de fronteiras que cabe lidar com estas realidades. Nós consideramos que é no seio da escola, na mão dos seus dirigentes, mas sobretudo dos conselhos de turma e dos professores e ao nível dos grupos turma que poderão ser encontradas as melhores respostas.

É todo este estudo e discussão que nos propomos realizar com este congresso: «Capacitar e promover os imigrantes na turma».